20090227

milk - gus van sant

Não gosto de biopics. Terão sido tão poucos aqueles que até hoje me marcaram que, neste preciso momento em que escrevo, nem sequer me lembro de algum de que tenha gostado.

Faço parte do grupo de pessoas que considera a realidade quase sempre mais interessante que a ficção e isso até poderia ser um ponto a favor de filmes que retratam a vida de pessoas reais. No entanto, também considero que a ficção e o real (no caso do cinema falo obviamente do documentário) costumam ter melhores resultados quando não se cruzam. Ou pelo menos quando um deles não se deixa prender nas malhas e regras do outro. E os biopics sofrem quase sempre desse mal, acabando por não serem nem uma coisa (ficção) nem outra (documentário), ficando a meio de um caminho que os impede de serem realmente interessantes.

Um bom filme de ficção, ou um bom documentário, é geralmente tecido com imensas linhas finas que, juntas, completam uma visão complexa, rica e profunda sobre determinado tema ou personagem/personalidade. No caso dos biopics, e o mesmo volta a acontecer em Milk, de Gus Van Sant, o filme é feito a traços grossos que tentam assim retratar os principais momentos da vida do retratado. Isto quando, quase sempre, o mais interessante da personagem se encontra nos intervalos desses mesmos traços.

Em Milk, Van Sant segue competentemente a cartilha, polvilhando o filme com os habituais ingredientes deste género de filme. Tudo certinho. Tudo previsível. Harvey Milk merecia um filme? Sem dúvida! Mas o que aqui se vê é apenas mais um documento que tenta retratar um tempo e um tema através de uma determinada personalidade. Um filme que servirá para dar a conhecer alguém que merece ser conhecido por um maior número de pessoas mas que, como cinema, não entusiasma, não acrescenta, não provoca. Se o objectivo era converter mais pessoas em relação aos direitos dos homossexuais, não creio que o consiga. Os convertidos já não precisavam. Os outros não se irão converter com este filme.

2/5

20090225

introducing: crocodiles


INTRODUCING #001
Crocodiles - Neon Jesus

the nextdoor neighbors - magic vs the machine


Como influências, as The Nextdoor Neighbors referem “parked cars, not having friends, deep-space, girls who can do boy things, bottles of southern comfort shared over a pile of corpses, life and death, me and you”.

O disco Magic vs The Machine, de 2008, é composto por doze temas deliciosamente ingénuos, onde teclados baratos, poesia adolescente e batidas rudimentares pré-programadas nos podem remeter para as demos dos The Cure na sua fase mais pop de Japanese Whispers ou The Head On The Door, ou até mesmo para umas Au Revoir Simone que se levassem menos a sério. No fundo, esta é a música que as suas jovens vizinhas do lado podem estar a fazer neste preciso momento. Melodiosa, rudimentar,  apaixonada, livre e sonhadora.

8.3/10



20090224

doubt - john patrick shanley

Vencedora do Pulitzer para peça dramática em 2005; mais de  500 apresentações na Broadway e adaptada para o palco um pouco por todo o mundo (em Portugal esteve no Teatro Maria Matos, com encenação de Ana Luísa Guimarães, e com Diogo Infante e Eunice Muñoz no elenco), a peça de teatro Doubt – Dúvida conseguiu chegar ao cinema pelas mãos do seu autor John Patrick Shanley, mas poderia muito bem ter-se ficado pelos palcos. A realização de Shanley é segura e cuidada, mas sem qualquer rasgo que faça a sua adaptação para cinema valer realmente a pena.

Contando com os talentosos actores Philip Seymour Hoffman e Meryl Streep, aqui em piloto automático, e uma actriz (Viola Davis) que se revela ao grande público numa curta mas fascinante e arrepiante interpretação, o filme, para além de não conseguir tirar o máximo proveito dos actores que tem à sua disposição, fica preso numa progressão dramática que nunca chega a arrancar, transpondo para os ecrãs as limitações próprias de um palco, não tendo John Patrick Shanley, como realizador, o engenho necessário para justificar esta passagem para película.

Resumindo, tudo muito competente, limpo e correcto, mas sem qualquer chama que faça o filme descolar de um aborrecimento que o cobre do principio ao fim. 

2/5

20090223

um oscar realmente importante...

Oscar Wilde

20090221

the long lost

Uma história de amor. Ele e ela. Primeiro casamento: e prometeram viver felizes para sempre. Alfred e Laura Darlington. Segundo casamento: formam os The Long Lost e prometem vir a fazer felizes todos aqueles que oiçam o seu disco. Um disco que poderia ser o resultado final de uns Stereolab que tivessem passado a adolescência mais apaixonados pelo Brasil em detrimento da França. Ou imaginem que, no passado, Nico não tinha morrido e estava afinal retirada em Copacabana, tentando curar uma depressão que teimasse em não desaparecer. Se passado alguns anos gravasse novo disco, seria certamente parecido com este dos The Long Lost. Para ouvir em finais de tarde preguiçosos e melancólicos e deixar em repeat pela noite fora. 

7.4/10

Lost Space

new kind of remake


Hollywood há muito que parece estar sem ideias novas e daí os remakes de remakes. As quartas e quintas partes de filmes que só com sorte tiveram alguma piada da primeira vez. Mas parece que um novo filão de ideias foi recentemente descoberto. E que tal aproveitarem as histórias já existentes de antigos filmes e filmarem-nas de trás para a frente? A ideia já começa a dar interessantes frutos por aqui.

20090219

ainda oasis

Poucos dias depois do surpreendentemente fantástico concerto em Lisboa, a opinião dos próprios sobre essa noite:

"Well, we went to Lisbon. I thought it wouldn't get any better than Barcelona and Madrid - how wrong I was. I think it was my favourite night of the whole tour so far. It may well have been the best gig too. Them kids sang it LOUD, man.

Gave our disc-jockey a lesson in heavy psychedelic rock music in the dressing room afterwards. I really should try my hand at that dj'ing malarky. I'd be fuckin' brilliant.

Left the people of Lisbon with a message of love for José Mourinho. We really do need him back in England. Preferably at Man City."

perfect woman

perfect woman #8

20090218

the meanest boys


Afinal a má televisão tem aspectos positivos. Um deles é o disco do projecto The Meanest Boys de William Alexander. “These are all songs i've recorded in my room when im tired of watching t.v. I had a twenty something song cd that is all gone, but you can download it here

7.9/10


Meanest Space

marrocks

E Marrocos aqui tão perto...

Este ano não vou a Paredes de Coura, nem ao Super Rock ou Alive. Se perguntarem por mim... estou em Marrocos!

allen vs eastwood

1971. Woody Allen e Clint Eastwood davam os seus primeiros passos como realizadores. Allen em comédias estupidamente sem piada (Bananas e Everything You Always Wanted To Know About Sex…). Eastwood tentando libertar-se de obsessões, e colocando-se bem no meio do furacão que são as emoções humanas com Play Misty For Me, equanto, como actor, fazia o papel do justiceiro Dirty Harry. Quase trinta anos depois, Allen volta às suas comédias sem piada. Menos estúpidas na forma, mas com resultados ainda mais desastrosos no conteúdo. Eastwood, por seu lado, continua a tentar mostrar os podres de uma sociedade injusta e desiquilibrada.

Nesta década dos anos zero, Woody Allen realizou nove filmes, aproveitando-se apenas um: Match Point. Nesse mesmo período de tempo, Clint Eastwood realizou oito filmes, todos eles recomendáveis. A diferença para isso poderá estar na forma como cada um vê e vive (n)este mundo. Woddy Allen é um burguês intelectualóide que nada sabe do que acontece fora das galerias de arte, museus, bibliotecas e restaurantes finos onde habita, rodeado de artistas, quase sempre falhados, ou gente que simplesmente adora não fazer nada e vive em férias permanentes. Já Eastwood é homem de outra estirpe. Pertence a uma old school em vias de extinção em que tudo gira à volta das pessoas. Suas vidas, desejos ou frustrações. São as pessoas que interessam e a forma como elas se relacionam. Pessoas com uma vida onde existem obstáculos que precisam ser ultrapassados e que não necessitam por isso de criar esses mesmos problemas sentados numa confortável cadeira de um psiquiatra, ou em longas e herméticas discussões sentados à mesa do restaurante da moda. Allen pensa nas coisas sem verdadeiramente as sentir, impossibilitado assim de as perceber. Eastwood vive as coisas e, sentindo-as, necessita percebê-las. Diferenças que fazem toda a diferença nos filmes que cada um faz.

Eu, da minha parte, depois de ver Vicky Cristina Barcelona, optei por cortar relações com Allen. Já relativamente a Eastwwod, após ver o seu mais recente Changelling – A Troca, só posso dizer que aguardo impacientemente por Gran Torino que estreará em breve.

0/5 // 4/5

20090217

perfect woman

perfect woman #2

20090216

mt. st. helens vietnam band


Oriundos de Seattle, os Mt. St. Helens Vietnam Band podem parecer, numa primeira audição mais desatenta, apenas mais uma cópia dos Strokes ou Libertines. No entanto, a sua música esconde muito mais para além dessas primeiras aparências. Na verdade, não é fácil caracterizar a sua sonoridade. Não sendo assim tão diferente de grande parte da música pop ou rock que se ouve por aí hoje em dia, a sua música surpreende a cada momento. É uma música que muda constantemente de direcção, acabando por nunca ser aquilo que poderia parecer estar a ser. Um refrão meloso de pop mais trolaró pode, de repente, dar lugar a sonoridades mais próximas de uns Led Zeppelin, para de seguida se transformar em algo que nos faz esquecer por completo o que atrás se ouviu. Do género Franz Ferdinand em Take Me Out mas sem ter nada a ver com a banda escocesa. Ou talvez até tenha. Quantas músicas podem caber numa canção? Confusos? Eu avisei que não era fácil definir. O melhor mesmo talvez seja darem-lhes uma oportunidade e ouvirem o seu disco de estreia. Atenta, se faz favor. 

7.3/10

Vietnam Space

20090215

faltam três horas para... oasis

Nos anos 90 todos se sentiam Supersonic. Faltam agora três horas para que todos se sintam assim de novo.

foi ontem... elysian fields

…e foi tão bom que deu para esquecer a semi-desilusão que foi ver uns Tindersticks demasiado domesticados na noite anterior. Quando Jennifer Charles e Oren Bloedow, a dupla americana Elysian Fields, apareceu, perante um auditório esgostado, pareciam saídos de um qualquer daqueles palacetes que se escondem na verdejante serra de Sintra, cidade onde o concerto decorreu. Verdejante, e bastante elegante, era também o decotado vestido da vocalista, dona de uma voz alimentada a valium e vinho tinto. Umas vezes soando a Aimee Mann, noutras aproximando-se de PJ Harvey, mas nos melhores momentos soando a eles próprios, os nova-iorquinos encataram até os mais cépticos. Num dos momentos altos do concerto até o lobo mau e o capuchinho vermelho foram chamados a palco para aquela que foi, muito provavelmente, a mais sexy interpretação de sempre da velha história de encantar e assustar. O concerto foi ele todo uma supresa que nem os seus discos deixavam adivinhar. O que em disco soa tão encantador quanto incompleto, ontem encaixou na perfeição em palco.


Elysian Fields - We're In Love (La Blogotheque)

20090214

valentine's day


O documentário que aqui deixo hoje é dedicado a todos aqueles que ainda não perderam a capacidade de se apaixonar. Qualquer que seja a sua escolha...

Married To The Eiffel Tower - Part 1 of 2


Married To The Eiffel Tower - Part 2 of 2

20090213

friday the 13th

Make a tea. Close the doors. Stay at home. And relax...

lotus plaza - the floodlight collective


Eis um disco perfeito para os saudosistas dos anos 90 e da sua música dreampop, shoegazing, indie ou como lhe queiram chamar. Amantes de guitarras em distorção pop, onde melodias perfeitas se escondem em cascatas de doce ruído. Para todos aqueles que ainda sonham com um novo disco dos My Bloody Valentine. Para todos aqueles que ainda suspiram nostalgicamente e de forma sonhadora ao ouvirem a palavra Souvlaki. Para todos aqueles que, ainda hoje, consideram os Jesus and Mary Chain a melhor banda de todos os tempos. Para todos aqueles que, como eu, ficaram defraudados com o facto do mais recente disco dos Animal Collective, Merriweather Post Pavilion, não ser uma obra-prima, tal como já estávamos a ficar habituados. Para todos os que, no ano passado, salivaram com o disco de Atlas Sound. E até mesmo para todos aqueles para quem o que atrás ficou escrito nada ou pouco diga mas tenha adorado a banda-sonora de Lost In Translation. Para todos… eis Lotus Plaza com The Floodlight Collective!

8.0/10

20090212

elvis perkins - in dearland



O seu estilo low-profile pode facilmente levar Elvis Perkins a transformar-se no pequeno segredo de uma imensa minoria. Ao contrário de um Ryan Adams (com muito menos talento mas uma muito maior quantidade de páginas de revistas nas quais nem sempre a música parece importar) Perkins, embora responsável, há dois anos atrás, por um mágnifico disco de estreia Ash Wednesday, onde marcava presença a deliciosa All The Night Without Love, parece correr o grave risco de passar ao lado de muita gente que teria todo o prazer em ouvir as suas canções.
Dentro de poucas semanas sai o seu segundo disco In Dearland, ideal para quem goste de Micah P. Hinson, Bob Dylan, Andrew Bird, ou M. Ward.

7.6/10

hollywood - chapter two

hollywood - chapter one

darwin

Darwin nasceu há precisamente 200 anos, ou como qualquer pretexto serve de desculpa para poder ter um pouco de Ricky Gervais por aqui. E sim, entretanto Darwin já morreu.


Creationism by Ricky Gervais

quentin tarantino

Após doença prolongada, o funeral está então marcado para Agosto.

Inglorious Basterds by Quentin Tarantino

revolutionary road - sam mendes

Anos 50. Estados Unidos da América. No auge do american way of life e do american dream, ou a tentativa desesperada de recuperar o tempo perdido e sarar rapidamente as feridas deixadas abertas pela recente Segunda Guerra Mundial.

O casal Titanic (Leonardo DiCaprio e Kate Winslet) sobrevive ao naufrágio e decide começar uma vida repleta de promessas de amor eterno, e felicidade sem limites, num subúrbio igual a tantos outros. Uma espécie de paraíso franchisado. Mas o desesperante vazio dos dias (Hopeless emptiness. Now you've said it. Plenty of people are onto the emptiness, but it takes real guts to see the hopelessness. Como diz a louca personagem interpretada por Michael Shannon.) surge aos poucos como obstáculo ainda mais dificil de ultrapassar que um qualquer naufrágio no meio do Atlântico. E se falo aqui em Titanic é por achar que não terá sido de forma inocente que Sam Mendes escolheu esta dupla de actores para representarem um casal em vertiginosa queda livre.

Depois de uma auspiciosa estreia nas lides cinematográficas com American Beauty, Sam Mendes afastou-se dos subúrbios americanos nos seus dois filmes seguintes, com resultados medianos (Road To Perdition) ou bem perto do desastre (Jarhead). Este Revolutionary Road marca o regresso do realizador britânico ao seu micro-cosmos preferido e os resultados estão à vista. Ainda que a sua forma elegante, controlada e quase cirurgíca de filmar não permita ao filme atingir os picos dramáticos a que este chegaria se tivesse sido filmado por um Douglas Sirk, Mendes consegue construir um filme bastante aceitável onde se destaca a sua fabulosa direcção de actores, ou não fosse ele, acima de tudo um encenador. Um conselho, ou melhor, um desejo… que ele se mantenha pelos subúrbios por muitos e bons anos.

3/5

20090210

little pictures - owl+owl

O sol está de volta! Vistam a t-shirt do vosso super-herói preferido, put the funniest sunglasses you can find e encham a mochila de gomas, sumos coloridos e corram para um qualquer relvado no ponto mais alto da vossa cidade. Encham o céu com bolas de sabão. Saltem, dancem e beijem todos aqueles que passem por perto.

Para banda-sonora levem a petit sweet candy do outro lado do mundo, os neo-zelandezes Little Pictures e o seu disco de estreia Owl + Owl. Se os White Stripes nunca tivessem trocado os desenhos animados pelo rock, soariam provavelmente assim. Divirtam-se enquanto a chuva não regressa.

7.2/10



Little Space

20090209

slumdog millionaire - danny boyle

Não foi tanto o olhar ingénuo e deslumbrado de Danny Boyle sobre a Índia, qual turista apressado, aquilo que mais me irritou no seu Slumdog Millionaire. Nem sequer a sua atracção pelo lado mais abjecto e degradante das cidades e da vida das personagens que nelas habitam, pois isso já ele tinha feito antes, muito antes, em Trainspotting, e dessa vez com resultados positivos. Nem tão pouco os momentos em que Boyle se esquece por completo do filme, no que ao avanço narrativo diz respeito, limitando-se a criar tapetes visuais que nem sequer chegam a ser bon(ito)s postais ilustrados, com músicas a passar na íntegra, como se de vídeoclips se tratassem.

O que me irritou verdadeiramente foi o desbaratar constante de todas as boas ideias que parecem existir no argumento. As personagens transformadas em toscas figuras caricaturais, sem qualquer profundidade ou dimensão dramática. O que me irritou profudamente foi ver Boyle a tentar esconder toda a sua incapacidade para levar a bom porto a história que tem em mãos, com uma montagem vertiginosa que raramente acrescenta seja o que for ao filme. No meio de tanta confusão de luz e sons, talvez as pessoas fiquem suficientemente distraídas e nem reparem no enorme vazio que cresce a cada minuto que passa, terá Boyle pensado. E pelos vistos conseguiu safar-se bem. Os prémios e as boas graças do público aí estão a demonstrá-lo. E isso, para ser sincero, não me deixa nem sequer um pouco irritado… apenas intrigado. 

1/5

20090206

bon iver

Por detrás de uma grande obra de arte há sempre uma grande história para ser contada. Justin Vernon já gravava discos há vários anos, mas o mundo parecia estar sempre de costas voltadas para a sua música. Entretanto, rasteiras da vida, foi Justin quem decidiu virar costas ao mundo. Quando finalmente regressou, tudo foi diferente.

Justin Vernon deu lugar a Bon Iver, trazendo consigo o disco For Emma, Forever Ago, um disco que, de tão perfeito, parece ter existido desde sempre. Depois disso, Bon Iver já disponibilizou gratuitamente as suas MySpace Transmissions, com versões de temas retirados de For Emma, Forever Ago, onde o piano ganha terreno à guitarra. Já este ano, lançou o single Blood Bank, composto por quatro novos temas, deixando bem claro que este é realmente um nome a seguir com toda a atenção.

Deixo aqui um pequeno documentário que explica a história por detrás do grande disco de 2008 e ainda uma carta, escrita pelo próprio, durante o seu período de reclusão.



"i reallllllly think i am going out of my head sometimes.

im watching re-run marathons of sexual victims shows and shows about sex in the city, in a little barn house that my father built. He started in ‘79 and we just put in a toilet and a shower a couple of months ago. Im atleast 60 miles away from anyone I love, sometimes more like 1500. I am about 18 feet away from everything i love, however. Just up the poppel plank stairs, there is a pile of old guitars, a mound of microphones, wires, chords, electric boxes.

today, though I am taking a break from the previous 3 days of tirelessly working on an opus: seven songs that have succeeded to pull me through a hardened shell of myself, suprise me, entertain, impress and even heal me. They are me, and I am them, but, they sound nothing like I have ever really written before. No need to explain, I kind of understand.

So today, instead of sitting in the recording chair and working from basically when I wake up till 2 or 3 in the morning (just because nothing fills time better than that for me, except maybe for sitting with people) I woke up, ate a piece of toast with mom’s strawberry jelly, took a jog down the road and back, walked out to the woods to check on a deer carcass, ate a cheddarwurst cut up into pieces, watched a couple of these shows, teared up.

in the afternoon, i took some shit over to the town dump. I call it “town” but this is not a town. Its a township, and there are no garbage trucks or garbage men. I took two truck loads, and after driving back the second time I parked by the pull barn and hitched up the log splitter. I drove it down the road to an older couple that lives down the road.

Dick just quintuple bypass surgery but he helped me and Sharon split a large, huge pile of wood for about an hour. Sharon went lighting fast, carrying, stacking, picking up, putting down. It was cold, but I didn’t need gloves. At one point he left to sit down and the newly met strangers, Sharon and I, were a well oiled machine. It was loud, with the woodsplitter, so these new folks I offered to help with wood with, couldn’t really have a conversation to break the ice. Instead we just split and stack. Split and stack. There was this time when the hot exaust from briggs and statton was blowing on Sharons purple sweat pants and I could see the exact shape or her calf. It was just a metaphor for closley we were working together, with really having no idea about anything about eachother. touching hands as we hand off logs, unloading logs, logs that will heat thier home the rest of the winter. One of us farted. I don’t know who, she was moving to fast to notice.

i twitched a smile, but it didn’t even break our stride.

I was leaving in the truck, when I suddendly heard my self say “I feel good.” followed with the retort: “I feel great.” I punched on the cd player and, i know it seems unpoetic. Micheal Jackson’s solo version of “We are the World”.

It was strange being that close to the house of I was concieved in and not really thinking about it all that much. I don’t really know if it was Dick and Sharon that was living in the house at the time, about 25 yeras ago on a rainy summer night. And I don’t know if that gives more or less of an “in” asking Dick and Sharon if I could go in and see the room. ‘Cause, c’mon, who gets a chance to do that. 

My friends are a thousand miles away. I miss them. But here I am with re-run marathons and an opus. Im okay. Im doing okay."

Justin Vernon (January 3, 2007)