- Então, Piotr? Ainda não se vê nada? - A vinte de Maio de mil oitocentos e cinquenta e nove, um fidalgo de quarenta e poucos anos, sem chapéu, com um sobretudo coberto de pó e umas calças aos quadrados, saía para o alpendre baixo da estalagem na estrada de X... e interrogava assim o seu criado, um jovem de rosto cheio com uma pequena penugem esbranquiçada no queixo e uns olhinhos inexpressivos.
O criado, em quem o brinco turquesa na orelha, os cabelos sarapintados cobertos de brilhantina e os gestos corteses, tudo, em suma, revelava um homem de uma nova geração, aprimorada, olhou desdenhosamente ao longo da estrada e respondeu: Não senhor, não se vê nada.
Pais e Filhos, de Ivan Turguéniev
edição Relógio D'Água e tradução de António Pescada
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