20090531
what could have been
Ainda não ultrapassei o episódio Wavves. Mas descobri um concerto recente deles que ajuda a perceber aquilo que poderia ter sido uma noite memorável. O concerto em questão decorreu no fim de Março deste ano em Nova Iorque e podem encontrá-lo aqui.
one dream rush
"We all share the waking world together, but half our lives are spent asleep, alone with our dreams. With this thought in mind, an alcoholic beverage company has commissioned 42 film-makers to make 42-second films about their dreams with free creative licence. The results veer between the beautiful and mystical to - in the case of Arden Wohl, who used her 42 seconds to display a gruesome exorcism - the plain creepy. Every one is almost subliminal in its brevity; if a movie is a meal, then these mini-films are a handful of popcorn. That they're so short means they load quickly, which adds to the compelling nature of the project. Films from some impressive names are still to come, including David Lynch, Mike Figgis and Chan "Cat Power" Marshall."
The Guardian
Last Day Dream, by Chris Milk (for One Dream Rush Project)
20090530
be careful what you wish for
Os Wavves eram uma das bandas que fazia parte da minha lista wish to see e que ontem era suposto ter ficado riscada nessa mesma lista. Infelizmente, pouco tempo antes da hora marcada, chegava a notícia do cancelamento do concerto. A Galeria Zé dos Bois, onde iria decorrer o concerto, informava, através do Facebook, que "Nathan passou-se totalmente. Simplesmente teve um esgotamento e está perdido em Barcelona. Literalmente fugiu do aeroporto na hora do embarque - pela segunda vez hoje".
Depois da desastrosa "actuação" na noite anterior, o cancelamento não surpreendia totalmente. Mas as razões para o desastre e posteriores consequências, essas, só mais tarde se vieram a saber na sua totalidade. Podem ler aqui uma descrição da forma como tudo "decorreu" no Primavera Sound. Durante algumas horas esteve também no blog da banda a versão do próprio Nathan acerca dessa noite e que estranhamente desapareceu entretanto. Mas tive a sorte de guardar as suas palavras:
"I think in the back of my head I knew I wasn't exactly mentally healthy enough to continue to tour the way I have been since February. Honest truth is this has all happened so fast and I feel like the weight of it has been building for months now with what seems like a never ending touring and press schedule which includes absolutely zero time to myself. I'm sorry to everyone who has put effort into this and to everyone who supported me. Mixing ecstasy valium and xanax before having to play in front of thousands of people was one of the more poor decisions I've made(duh) and I realize my drinking has been a problem now for a good period of time. Nothing else I can do but apologize to everyone that has been affected by my poor decision making. I made a mistake. Not the first mistake I've made and it for sure wont be the last. I'm human. (...) You live and you learn"
Como ainda não é possível encontrar imagens dos momentos descritos, podem ver aqui uma metáfora visual daquilo que terá acontecido à cabeça do guitarrista/vocalista dos Wavves.
Mas, mesmo sem a presença dos Wavves, havia mais dois concertos previstos que se mantiveram. E foi assim que fiquei a conhecer os Youthless, que durante cerca de 40 minutos foram a melhor banda do mundo. Duo de estrangeiros radicados em Lisboa, deram um dos melhores concertos a que assisti este ano e que fizeram esquecer por completo os grandes ausentes da noite.
20090528
desafio: melhores séries tv
Desafio lançado pela Ritinha para escolha das melhores séries de televisão de sempre. Fica uma lista daquelas que mais me marcaram.
The Sopranos
Seinfeld
Monty Python's Flying Circus
The Muppet Show
The Office
Fast Show
The Ren and Stimpy Show
Blackadder
The Fast Show
Duarte & Companhia
Deadwood
Mad Men
In Treatment
Genérico do Verão Azul
Algumas terão ficado esquecidas num qualquer recanto da minha memória. Talvez me lembre delas em breve e abra a boca de espanto ao tentar perceber como tal esquecimento foi possível. Outras, que não foram esquecidas, e que me deixaram boas memórias, por uma razão ou por outra, não me apeteceu colocá-las aqui hoje.
20090524
20090523
breakfast at sulimay's
Duas músicas ao pequeno-almoço. Ouvidas e apreciadas por quem nasceu ainda antes da expressão rock'n'roll ter sido inventada. De Bon Iver a Dan Deacon ou Bat For Lashes, em cinco minutos alguns dos singles actuais são apreciados pela sabedoria de quem não faz a mínima ideia de quem são os artistas escutados. Sem preconceitos ou alinhamento em modas, portanto. Na mesa do Sulimay's, só a música interessa. Só ela fala por si.
20090522
morrissey at 50
"I'm nearly 29," Morrissey said when his first solo album, Viva Hate, came out in 1988. "I'll be dead in a couple of years ... I have a dramatic, unswayable, unavoidable obsession with death. I can remember being obsessed with it from the age of eight or nine. I often wondered if it was quite a natural inbuilt emotion for people who are destined to ... take their own lives. I think if there was a magical, beautiful pill that one could take that would retire you from the world ... I would take it."
20090521
20090519
the misophone - be glad you are only human
Esteve perdido bastante tempo nos calabouços onde guardo os meus discos. Ganhou pó. Teias de aranha agarravam-se deseperadamente a ele quais mãos de uma criança com medo que a mãe não volte mais quando, ao descobri-lo por um acaso, o resgatei para audição mais atenta.
As gravações deverão ter decorrido num qualquer parque de diversões onde índios e cowboys são imortalizados. Escondido num deserto onde poucos chegam. E menos conseguem partir. Com bares onde copos de ice tea são vendidos às crianças como se de whisky se tratasse. Jogos de poker sem baralho completo. Com discos de Matt Elliott, Tom Waits ou Micah P. Hinson a tocar em fundo na rotação errada.
No tempo em que esteve perdido, novo disco foi gravado. Mas é por este, de 2008, que estou neste momento apaixonado.
senhora doutora
E como fez ontem 29 anos que Ian Curtis decidiu partir. Dedico esta música à dita Senhora Doutora.
20090517
vito acconci
VITO ACCONCI "THEME SONG" 1973 (Part 1)
"In the article "Video: the Aesthetics of Narcissism", Rosalind Krauss refers to aspects of Narcissism apparent in the video work of Acconci. “A line of sight begin Acconci’s plane of vision ends on the eyes of his projected double”. Krauss uses this description to underline aspects of Narcissism in the Vito Acconci work Centers. In the piece Acconci is filming himself pointing directly at himself for about 25 minutes, by doing so Acconci makes a nonsensical gesture that exemplifies the critical aspects of a work of art through the beginning of the 20th century. Krauss also goes on to explain the psychological basis behind the actions of video in comparison to discussions of object art."
apenas uma estátua
Ontem, milhares de pessoas sairam às ruas para ver de perto a estátua da Nossa Senhora de Fátima, que passou pelas ruas de Lisboa a caminho da festa de aniversário do Cristo Rei em Almada. Eu não fui ver nada pois achei que não havia nada de interessante para ver. Mas prometo fazê-lo quando o Cristo Rei se deslocar a Fátima.
20090515
queria ser - sílvia firmino
Passa amanhã na RTP 2, por volta das 20:45, o documentário Queria Ser, de Sílvia Firmino. Numa pequena escola do interior do país em risco de fechar, as dez crianças que ali estudam revelam neste filme a sua força, os seus medos e as suas ambições. O filme foi premiado na última edição do Doc Lisboa e tem amanhã a sua estreia na televisão.
info sem interesse
Fiquei com o bilhete número 001 para o concerto dos Wavves. Manda a tradição que o portador de tal número terá que ir vestido com uma camisola amarela. Farei os possíveis. E prometo pagar um vodka-martini a quem possua o bilhete 007, e um Bloody Mary ao dono do bilhete 666. Até lá...
a zona
O filme A Zona, de Sandro Aguilar, estreou no circuito comercial no dia 7 de Maio. Hoje, dia 15 de Maio, uma semana e um dia depois, decidi ir ver o filme. Abri o jornal para procurar os horários e... nada. Não o encontrando em exibição no King, Nimas, Monumental e Saldanha, até nas salas Lusomundo procurei. Sem sucesso.
Uma semana fora de Lisboa tem destas coisas para quem queira ver cinema português. O filme que ganhou o Prémio de Melhor Filme Nacional no Indie Lisboa do ano passado aguentou-se apenas uma semana em cartaz. Estranho... para não dizer mais.
P.S. Hoje fiquei a saber os números que levaram a tão curta estadia deste filme em sala. Em 27 sessões, apenas 141 pessoas marcaram presença.
dark night of the soul
É um dos acontecimentos musicais do ano. Por dois motivos. O primeiro: é um disco a meias de Danger Mouse e Sparklehorse, contando com a colaboração de artistas como Iggy Pop, Black Francis (Pixies), Julian Casablancas (The Strokes) ou Vic Chesnutt, entre outros, embrulhado num livro com fotografias do realizador David Lynch, supostamente inspiradas nas músicas do disco. O segundo: num twist digno do próprio Lynch, o dito livro será agora acompanhado por um disco sem qualquer música. Descubram aqui os motivos.
E como não será possível ouvir o disco comprando-o, o melhor mesmo é ir por caminhos alternativos.
20090514
uma questão de idade
Os rabiscos de uma criança podem ser considerados arte? E os poemas de um adolescente? Ou as representações em palcos improvisados para a família feitos pelo membro mais novo do clã? A partir de que idade aquilo que é feito por um individuo poderá ser designado arte e não apenas um acaso? Eu não sei a resposta à pergunta e desconfio mesmo que tal resposta não exista. E tudo isto para?
Trevor Fitzhugh tem 13 anos e uma banda, os Natural Numbers. Pode parecer a coisa mais normal do mundo, mas as reacções espalhadas pela net têm provado o contrário. Os comentários vão de "i will beat up every teenager who makes music" a "Natural Numbers it’s just some rich 13 year old pre-pubescent faggot who has yet to discover masturbation playing and twiddling with garageband. Fuck off". Como resultado, o jovem Trevor deixou as seguintes palavras no MySpace da sua banda:
"yesterday, all of the frustration i have with music in 2009 finally made me explode.
im not quitting. i dont want to give up the amazing feelings and memories that ive made with this project. i am just tired of the terms being thrown at my music -- but that's inevitable. people will always brand music unfairly, and i can't change that.
i sincerely, honestly hope you dont feel cheated or faked out. i'm just doing what i feel is right for me to do, and i cant quit just because of frustration.
i thank of all you for bearing with me, and listening to my music.
-trevor"
Goste-se ou não da música, considere-se ou não Trevor um músico com talento e potencialidade, há uma coisa que Trevor tem de certeza: fair-play e um grande sentido de humor. Uma das influências que ele coloca no seu MySpace é o nome de um dos seus mais acérrimos detratores.
No que diz respeito à música propriamente dita está disponível para download gratuito o Ocean Ghosts EP. Experimentem.
20090513
um dia...
...todos os filmes serão assim. Numa sociedade cada vez mais apressada, quem terá ainda tempo para estar 90 ou 120 minutos fechado numa sala a ver um filme? Keep it simple! Find the bone, the heart and soul, and show it fast and straight, without yada yada yadas.
xocoa... agora em lisboa
Abriram-se ontem as portas da nova catedral para os amantes dos doces. O chocolate é rei, mas partilha espaço com outras delícias pelas quais vale a pena pecar. Tudo vestido com roupas que se devem despir lentamente e sem rasgar, para assim se poderem guardar. As peregrinações deverão terminar ali para os lados da Baixa, por trás dos Armazéns do Chiado, na Rua do Crucifixo. E se levarem uma t-shirt ou pin dos Belle And Sebastian talvez tenham um desconto. Os mais cépticos espreitem aqui.
20090504
the kills - i hate the way you love
This 2005 tour documentary is filled with raw candid footage, raw interview footage, and raw performance footage. The 47-minute film directed by Morgan Lebus is featured in its entirely. For one week only. Now here!
20090502
indie lx (13)
WENDY AND LUCY, de Kelly Reichardt
Não que seja mau. Mas confesso ter alguma dificuldade em perceber o hype em redor de Kelly Richardt depois de ter visto este filme.
2,5/5
indie lx (12)
THE HAPPIEST GIRL IN THE WORLD, de Radu Jude
Que o cinema romeno tem estado em alta nos últimos anos já não é novidade para ninguém. Com os seus retratos socias realistas, quase documentários da sociedade romena, acompanhando um dia de uma qualquer personagem, os filmes romenos vão conquistando prémios em vários festivais um pouco por todo o mundo. Mas claro que nem tudo o que nos chega daquele país é automaticamente fabuloso. E este filme de Radu Jude é apenas uma comédia despretensiosa que daria uma excelente curta-metragem, mas que no formato longa vai perdendo algum do seu fulgor com o passar do tempo. Ligeiro e sem pretensões a mais que isso, The Happiest Girl In The World não é uma obra-prima, mas nem todos os filmes precisam de o ser.
2,5/5
indie lx (11)
BALLAST, de Lance Hammer
Jorge Mourinha, no Público, escrevia assim sobre esta estreia de Lance Hammer "É o melhor filme da competição do IndieLisboa 2009, é uma das mais espantosas primeiras obras que vemos em muito tempo." Verdade? Talvez não. Mas não deixa de ser um bom filme, que nos deixa com a esperança de que o cinema independente americano ainda não morreu. Só tem andado arredado das nossas salas de cinema. E isso talvez ajude a explicar o cada vez maior desinteresse em visitar as salas de cinema, repletas de filmes sem interesse. Todos iguais. Cópias. Este, sem inventar nada novo, é único. Nas suas fragilidades. Na sua contenção. Na forma delicada como nos transporta para dentro da vida daquelas magníficas personagens, como nos mostra as suas batalhas e as abandona no fim para que elas sigam o seu caminho. Com um ligeiro e amargo sorriso de cumplicidade.
3,5/5
p.s.: pelo menos para o júri do Indie, Jorge Mourinha estava certo, já que Ballast acaba de ser anunciado como o vencedor do Grande Prémio do festival.
indie lx (10)
LOUISE-MICHEL, de Benoít Deléphine e Gustave Kervern
Nos intervalos dum aborrecido absurdo que pontua todo o filme, ainda dá para ir deixando escapar umas gargalhadas. Mas tanta parvoíce, mesmo quando consciente, não torna a obra interessante, mas talvez ajude a fazer o espectador sentir-se parvo. O filme parece ter ganho uns prémios em Sundance. Rídiculo.
1/5
20090501
o amor eterno
photo by ElifKarakoc
E agora que as mãos da incrédula
rapariga te empurram para a saída,
onde irá chover, de acordo com
a cor do céu, não resistas. Na rua,
onde os ventos se cruzam na esquina,
os que sopram, do norte, de colinas
manchadas pelo inverno, e os que
nascem do rio, trazendo a impressão
húmida do litoral, acende um cigarro,
para que o calor do lume te reconforte
as mãos, avança pelo passeio, enquanto
o frio te deixar, e ouve o canto da água
por baixo de terra: correntes
no limite entre o gelo
e o fogo, uma evaporação de humores,
como se as almas lutassem em busca de
saída, e, no fumo de uma memória
de mesa antiga, tu e essa que amaste,
trocando as frases matinais do re-
encontro. Vidros embaciados pelas
lágrimas da ruptura, perguntas sem
resposta, a casa de luzes
apagadas, como se estivesse vazia - e como
se não soubesses que os destinos se decidem
por cima de nós, onde em cada instante
um deus cansado nos desfaz as inúteis
promessas de eternidade.
Nuno Júdice, in "A Fonte da Vida"
rapariga te empurram para a saída,
onde irá chover, de acordo com
a cor do céu, não resistas. Na rua,
onde os ventos se cruzam na esquina,
os que sopram, do norte, de colinas
manchadas pelo inverno, e os que
nascem do rio, trazendo a impressão
húmida do litoral, acende um cigarro,
para que o calor do lume te reconforte
as mãos, avança pelo passeio, enquanto
o frio te deixar, e ouve o canto da água
por baixo de terra: correntes
no limite entre o gelo
e o fogo, uma evaporação de humores,
como se as almas lutassem em busca de
saída, e, no fumo de uma memória
de mesa antiga, tu e essa que amaste,
trocando as frases matinais do re-
encontro. Vidros embaciados pelas
lágrimas da ruptura, perguntas sem
resposta, a casa de luzes
apagadas, como se estivesse vazia - e como
se não soubesses que os destinos se decidem
por cima de nós, onde em cada instante
um deus cansado nos desfaz as inúteis
promessas de eternidade.
Nuno Júdice, in "A Fonte da Vida"
indie lx (9)
MY ONLY SUNSHINE, de Reha Erdem
Gosto cada vez mais do cinema turco. Surpresas atrás de surpresas. Sem desilusões. Com Istambul em pano de fundo, sempre longe, como um postal para turistas, uma família sobrevive nas margens de tudo. De uma cidade, de um rio, da sociedade... do mundo. Ouvem-se constantemente aviões a passar, mas nunca os chegamos a ver. Uma trovoada, do princípio ao fim do filme, faz-se anunciar sem nunca chegar. No centro de tudo isto, uma jovem tenta encontrar o caminho para dali fugir. E só um boneco de peluche lhe repete incessantemente "You are my sunshine my only sunshine / You make me happy when skies are grey". Mas há mais, muito mais. Num filme a descobrir. Para descobrir.
4/5
indie lx (8)
RECIPES FOR DISASTER, de John Webster
Mais um documentário que quer mudar o mundo. Ou pelo menos as pessoas que tenham o azar de o ver. Uma família decide reduzir a sua pegada ecológica, recusando-se a usar ou comprar qualquer coisa para a qual tenha sido usado petróleo, o que inclui plástico. O filme mostra o primeiro ano dessa família vivendo com essas novas regras. As intenções são boas. O resultado... um desastre. Até a sinopse oferecida pelo Indie Lx segue o mesmo caminho. Segundo o festival, este é um filme em que a família de Webster se submete a "uma dieta de óleo".
0/5
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