1971. Woody Allen e Clint Eastwood davam os seus primeiros passos como realizadores. Allen em comédias estupidamente sem piada (Bananas e Everything You Always Wanted To Know About Sex…). Eastwood tentando libertar-se de obsessões, e colocando-se bem no meio do furacão que são as emoções humanas com Play Misty For Me, equanto, como actor, fazia o papel do justiceiro Dirty Harry. Quase trinta anos depois, Allen volta às suas comédias sem piada. Menos estúpidas na forma, mas com resultados ainda mais desastrosos no conteúdo. Eastwood, por seu lado, continua a tentar mostrar os podres de uma sociedade injusta e desiquilibrada.
Nesta década dos anos zero, Woody Allen realizou nove filmes, aproveitando-se apenas um: Match Point. Nesse mesmo período de tempo, Clint Eastwood realizou oito filmes, todos eles recomendáveis. A diferença para isso poderá estar na forma como cada um vê e vive (n)este mundo. Woddy Allen é um burguês intelectualóide que nada sabe do que acontece fora das galerias de arte, museus, bibliotecas e restaurantes finos onde habita, rodeado de artistas, quase sempre falhados, ou gente que simplesmente adora não fazer nada e vive em férias permanentes. Já Eastwood é homem de outra estirpe. Pertence a uma old school em vias de extinção em que tudo gira à volta das pessoas. Suas vidas, desejos ou frustrações. São as pessoas que interessam e a forma como elas se relacionam. Pessoas com uma vida onde existem obstáculos que precisam ser ultrapassados e que não necessitam por isso de criar esses mesmos problemas sentados numa confortável cadeira de um psiquiatra, ou em longas e herméticas discussões sentados à mesa do restaurante da moda. Allen pensa nas coisas sem verdadeiramente as sentir, impossibilitado assim de as perceber. Eastwood vive as coisas e, sentindo-as, necessita percebê-las. Diferenças que fazem toda a diferença nos filmes que cada um faz.
Eu, da minha parte, depois de ver Vicky Cristina Barcelona, optei por cortar relações com Allen. Já relativamente a Eastwwod, após ver o seu mais recente Changelling – A Troca, só posso dizer que aguardo impacientemente por Gran Torino que estreará em breve.
0/5 // 4/5
pois é e decididamente à custa deste último filme de "mierda" do Allen vejo-me a revisionar toda a sua obra e agora coloco-a em questão, será que vai ficar alguma coisa, mesmo alguns filmes que tinha em apreço são agora duvidosos. O tempo resolverá o assunto. O Eastwood é um contemporãneo por isso um clássico. Imperdoável é uma obra-prima.
ReplyDeletePassarei a visitar mais vezes este blog.