20090204

palavras: um


- Um pobre caminheiro poderá passar aqui a noite?
Como resposta, alguns dos moradores mandavam-me para a cadeia e outros para o demónio. Duma janela chegaram a ameaçar-me de soltarem os cães; e noutra, mudo mas eloquente, apereceu um punho fechado.
- Sai, vai-te daqui... e sorte tens em ir com vida - bradou uma mulher. - Meu marido está em casa.
Compreendi. Era indubitável que aquela boa mulher não dava hospitalidade aos viajantes que lhe pediam, senão quando o marido estava ausente... Lamentando muito que assim fosse, dirigi-me à janela mais próxima:
- Boa gente, quereis dar asilo esta noite a um infeliz caminhante?
Responderam-me afectuosamente:
- Vá com Deus, irmãozinho, vá com Deus... Siga o seu caminho.
Caía uma chuva gelada e fria, e na terra encharcada aumentava a escuridão.

in O Vagabundo Filósofo, de Maximo Gorki

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