20090331
errata: woods
20090330
that ghost - young fridays
Cada vez menos são necessárias editoras discográficas para que um artista se consiga fazer ouvir. Mas, ultimamente, já nem a impossibilidade monetária de passar por um estúdio serve de desculpa para não se gravar um disco em/com boas condições. Basta a criatividade, a curiosidade e a vontade. Tudo o mais está ao alcance de qualquer um. É esse o caso do jovem Ryan Scmale que, aos 18 anos, já leva quatro discos editados com o seu projecto That Ghost. Importante é não confundir este lado caseiro com um som descuidado ou simplista. Já não se fala aqui do DIY em registo low-fi praticado por quem optava por tal solução mais por incapacidade de dominar os instrumentos ao seu dispor, do que por uma questão estética.
O mais recente Young Fridays, do ano passado, é dos discos mais frescos e viciantes que se pode ouvir por estes dias e traz consigo canções como Top Shelf, Bedside ou Friends In Quotations que mereceriam fazer parte das listas de melhores músicas de qualquer ano. As influências vão de Jesus and Mary Chain a You La Tengo passando pelos Galaxie 500. Um disco para colocar ao lado dos discos de Atlas Sound ou Lotus Plaza e para ouvir em modo repeat.
8.8/10
20090327
falta um dia para... messer chups
20090323
coeur de pirate
Assinando com o nome Coeur de Pirate, Béatrice Martin, de apenas 18 anos, oferece-nos no seu disco de estreia uma dúzia de melodiosas pérolas pop de influência francófona. Tudo em pouco mais de meia-hora. O tempo necessário para uma paixão à primeira vista. A partir de agora, Carla Brunni já se pode dedicar por inteiro a representar o papel de primeira-dama. Está encontrada uma herdeira para os seus dotes musicais.
20090321
palavras: três
20090320
filosofia em yale
Lecture 1 of 26 - Philosophy of Life and Death
20090319
che estreia hoje
buñuel em bd
20090318
stellet licht - carlos reygadas
Para o mexicano Carlos Reygadas parecem existir apenas duas formas de filmar: cada plano tem de ser uma obra de arte ou um desafio. Ou ambas as coisas. Mas nunca menos do que isso. O resultado final, mesmo para quem não aprecie o conjunto, não deixará, no entanto, ninguém indiferente. Reygadas tem um estilo único e cada filme seu é uma porta aberta para entrar no seu universo pessoal onde, embora alguns se possam aí sentir desconfortáveis ou até mesmo aborrecidos, haverá sempre imagens suficientemente fortes para ficarem na memória de quem as veja. Por muito e muito tempo.
História de um amor proibido, Luz Silenciosa pode ser descrito como um Paris, Texas filmado na América do Sul por um Albert Serra com orçamento para filmar em condições, com actores dirigidos por Ingmar Bergman e uma ressurreição final digna de um filme de Dreyer. Resumindo, este é um daqueles filmes que se ama… ou não. Mas sem direito a meios termos.
4/5
20090317
radiohead no brasil
20090316
faltam cinco dias para... gallon drunk
20090313
podcast: bitsounds
20090312
joe gideon and the shark - harum scarum
My father told me that the world was flat,
And I was happy in my sweet pancake world,
Was my fathers child, never questioned what daddy told
But the seed of doubt got in me and it grew into a tree
Its doubting branches got a hold of me.
in Civilisation by Joe Gideon and the Shark
1985 – Kathy Ray was a backing singer for the Eurythmics at Live Aid.
1992 – Viva Seifert (aka The Shark) representend UK in rhythmic gymnastics at the Barcelona Olympics and brother Joe Gideon was living in Bolivia.
1999 / 2006 – They worked together in the four-piece Bikini Atoll.
Summer 2006 - They formed a family band and spent the summer getting drunk in a barn writing songs on their 8 track recorder.
2008 - They've been invited to play around Europe with Nick Cave & The Bad Seeds, Archie Bronson Outfit, The Duke Spirit, Scout Niblett and Michael Gira to name but a few.
7.8/10
20090311
"who spices you up?"
the wrestler - darren aronofsky
Enquanto realizadores com mais idade, como Francis Ford Coppolla (69 anos) ou David Fincher (46 anos), utilizaram maiores ou menores doses de fantasia para se debruçarem sobre a velhice nos seus últimos filmes, com Youth Without Youth e The Curious Case of Benjamin Button respectivamente, Darren Aronofsky (39 anos), em The Wrestler, opta por um olhar mais simples, honesto e sem necessidade de máscaras ou fantasias de quaisquer espécie.
A simplicidade é sempre o mais dificil de atingir em qualquer arte. Ser directo, sem rodriguinhos ou muletas. Olhar sobre o essencial o mais despido e cru possível, atingindo assim o cerne daquilo que se quer mostrar. Encurtar caminho e quebrar o máximo de barreiras entre o sentimento das personagens e a emoção a provocar no espectador. Para isso, é preciso uma escolha extremamente criteriosa daquilo que se vai mostrar. Sem informação supérflua, ou gratuita, que nada acrescenta para além de uma distracção enganadora. Nesse aspecto, The Wrestler é uma lição. E uma surpresa que nenhum dos filmes anteriores de Aronofski fazia prever. Talvez para muitos dos fãs deste realizador, que adoraram Pi ou Requiem For A Dream, este seja um filme demasiado vazio, por não conter praticamente nenhum dos ingredientes que tornavam únicos esses seus filmes anteriores: uma montagem (hip hop editing?!) que muito devia a uma cultura aprendida por muitas horas de visionamento da antiga MTV; ou socorrendo-se a teorias rebuscadas, no caso de Pi, que faziam qualquer um parecer mais inteligente apenas pelo facto de as estar a ouvir, mesmo que delas não conseguisse aprender nada. No entanto, este terá sido certamente o filme que Darren Aronofsky mais dificuldades teve em realizar. Mas é também o seu filme mais desarmante. Infelizmente, já quase não se fazem filmes assim. Felizmente, existe este.
4,5/5
20090309
bosque brown - baby
1. Por detrás do nome Bosque Brown esconde-se Mara Lee Miller.
2. Faz hoje uma semana que o seu disco de estreia está nas lojas.
3. Por esta altura já todos deveriam andar a ouvir esse disco.
4. O disco chama-se Baby.
5. É um disco aconselhado a quem consiga perceber as semelhanças existentes entre uma mulher com sentimentos e uma barra de dinamite junto a um fósforo aceso.
6. Ideal para quem tenha em casa um qualquer disco de Cat Power, CocoRosie, El Perro Del Mar ou Beach House. Perfeito para quem não tenha.
7. Esta é música para quem gosta de ver cavalos à solta, assistir ao pôr-do-sol, observar a lua entre nuvens…
8. Por esta altura já deveria estar a ouvir o disco.
8.3/10
20090307
20090306
freak in a storm tv: sunset television
palavras: dois
20090305
la paura - roberto rossellini
Não é dos melhores filmes de Rossellini mas, ainda assim, La Paura – O Medo, tem nele duas cenas magistrais que, só por si, merecem o visionamento do filme. Quem ainda não o tenha visto e pretenda fazê-lo nos próximos tempos, será melhor não ler o texto que se segue.
Numa primeira cena, mais óbvia e com um subtexto facilmente entendido por todos, o professor Albert Wagner (Mathias Wieman), marido de Irene (Ingrid Bergman), repreende a filha de ambos por esta lhes ter mentido, ameaçando por isso castigá-la. Enquanto tudo isto acontece entre pai e filha, é no entanto para Irene que olhamos, por sabermos que também ela mente, mantendo uma relação extra-conjugal e sentindo por isso todas aquelas palavras como se estas lhe fossem dirigidas a ela. No fim, procurando perdão para si própria, mas parecendo fazê-lo pela filha, confronta o marido considerando o castigo desnecessário após a filha ter assumido que errou. A tensão para o restante filme fica estabelecida com a resposta do marido, que diz não existir perdão para quem só assuma uma mentira quando já não tem outra saída.
A segunda cena, no entanto, levantou-me algumas dúvidas aquando da primeira vez que vi o filme. Como cientista, o marido de Irene faz várias experiências com animais no seu laboratório. Num desses momentos, Irene visita o marido e assiste a uma dessas experiências, onde tudo lhe é contando com bastante pormenor. As sensações provocadas no animal, em cada uma das fases dessa experiência, assemelham-se a muitas das sensações que Irene diz sentir ao longo do filme e, só por isso, a cena já teria o seu valor. Mas, num segundo visionamento, detendo o espectador a informação que ao longo de todo o filme Irene é uma cobaia do seu próprio marido, toda a cena ganha uma força e profundidade ainda maior.
20090303
shelby sifers
No site da editora Oh! Map Records consta a seguinte descrição de Shelby Sifers “shelby is an amazingly spirited and talented young woman who records folk-pop songs on a four track recorder in her bedroom with her guitar, keyboards, banjo, and melodica. her songs reflect her overall upbeat nature with subject matter such as how much beautiful the world is, imaginary prostitutes, cups of coffee, and planting trees”.
Em disco, a princípio, até poderá ser confundida com uma versão de Joanna Newsom sem harpa. No entanto, e embora não seja uma má primeira impressão para se ter, ultrapassada essa fase inicial, descobre-se uma voz única e merecedora de atenção. Com dois discos de originais editados até agora (Yeah And I’m In Love Too de 2005 e Run Around, Run Around de 2007), que estão disponíveis gratuitamente no site da The Collective Family, Shelby Sifers é mais uma daquelas artistas injustamente ignoradas, dona de um conjunto de canções merecedoras de serem conhecidas por uma imensa minoria.
No que diz respeito aos seus concertos, ao ouvir um concerto de Shelby Sifers é dificil resistir ao desejo de lá ter estado. O espírito desses mesmos concertos faz lembrar aquelas festas onde alguém começa a tocar timidamente qualquer coisa a um canto da sala, na altura em que já são mais as garrafas vazias espalhadas pelo chão, que as garrafas cheias ainda em cima da mesa, e que em poucos minutos consegue reunir todos em seu redor num entusiasmado coro, com cadeiras, copos ou qualquer outro objecto que esteja à mão a servir de percursão. Nesses seus concertos, Shelby Sifers é bem capaz de passar duma versão dos The Smiths para outra dos Backstreet Boys num piscar de olhos, com uma boa disposição tão presente quanto a sua guitarra e conseguindo ser tão contagiante quanto as suas melodias. No site da já referida The Collective Family estão também disponíveis dois desses concertos, que servem como complementos perfeitos aos seus maravilhosos discos.